segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Enquanto eles mentem, eu me escondo.

Olá.
Me chamo Elizabeth.
Estou aqui porque preciso não, necessito que você ou alguém me ajude!
Estou encarcerado por algo que não fiz.
Sim. Não sou culpada!
Muitos falam o mesmo.
Mas, eu realmente não sou culpada!
Meu nome no registro de nascimento é Jorge.
Mas, sou e me sinto Elizabeth.
Não matei, nem roubei.
Mas, estou presa.
Me falaram que meu corpo era estranho. Fui humilhada.
Extravagante e que não era normal. Fui violentada.
Eu acreditei e, me reprimi.
Vivi tudo o que alguém "normal " podia viver.
Trabalho.
Família.
Filhos.
Trabalho...
Mas agora, vejam vocês em que situação me encontro: Presa. Encarcerada.
Pedindo ajuda.
Jorge não sabe que tento pedir ajuda.
Não sabe que grito dentro dele.
Mas, sinto que ele está morrendo... se esvaindo.
E eu, estou presa e não posso ajudá-lo.
Suplico sua ajuda!
Espero que você escute!

NOTA: Carta encontrada no corpo de Jorge Neto.
Causa mortis: Suicidio por enforcamento.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Lugares onde as portas não se fecham quando as estrelas aparecem.

Desassossego

Estou cansado, homem.
Estou cansado, menino e mulher.
Estou farto de tudo!
Mas, esse vício desgraçado de liberdade, não me deixa sossegado!
Estou cansado do mundo, de você e de mim.
Farto de tudo.
Play.
É só iniciar.
Stop.
Não se pode parar.

Roksana Mical    

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Agora crianças, vamos desconstruir

Eu queimarei com chamas de revolta todo o meu corpo.
Eu chorarei todas as lágrimas venenosas que os meus olhos suportarem.
Eu serei eu mesmo e amarei meu corpo por ser louco e,
totalmente disforme da beleza e consciência.
Destruirei a estética que pré diz o que devo fazer, comer, vestir e a quem amar.
Cuspirei na cara dos que dizem que o meu corpo foi feito para a reprodução.
Ou que sou gay, bi, hetero, monogâmico, mazoquista, homem, mulher, puta ou
qualquer merda criada pelo consumo e imposto para mim como escolhas que,
 não passam de rótulos para encarcerar e transformar em produto meu corpo        
e o meu amor.
Nenhum "demônio" roubará o que sinto nem conduzirá meus sentimentos para o abismo.
Serei eu mesmo, mesmo que tudo diga que não o sou.
Me apoiarei. Me amarei.
Serei gordo, serei magro, e isso não faz diferença porque meu corpo é livre para
tomar as dimensões que deseja.
Todos se afundaram na dor do esquecimento.
Eu, lembrarei que não sofro e que não preciso esquecer de nada.

 Serge y Komarov    

Linhas

                Quanto de crueldade tem o seu amor?

Nathan Appel