sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Um dia sem som

O que farei hoje sendo um dia sem som?
Não sei!
De repente todos sabiam que hoje era um dia sem som e realmente emudeceram.
As máquinas pararam.
Os motores dos carraos se calaram.
Os gritos do comércio, os gemidos dos matadouros e, até mesmo o barulho mudo dos olhos do boi que
seria sagrificado naquele instante, se aquietou.
O que farei hoje sendo um dia sem som?
A chuva sentiu isso também e fez com que as notas de suas gotas, não fizessem músicas.
O mundo por um momento se calou.
...
Ouví então, no mais prazeroso do silêncio... tambores.
Tambores sim!
Baixos por algum momento e em outros altos e rápidos.
Como poderia, logo no dia sem som, alguém tocar tambores?
Mas eles aumentavam. E eram muitos, milhares e milhões que não paravam de rufar, bater e fazer tremer tudo.
Tambores iguais. Sem distinção.
Mas, como? Em um silêncio e sem ter nenhuma visão de tambores, eu, poderia estar ouvindo-os?
Então, por um momento o cutelo que estava na mão do açougueiro desceu na garganta do boi...
Um dos tambores que ouvia se fez calar.
Agora, eu só ouvia o tambor que batia em meu peito.
Um dia sem som acabou e, a melodia da modernidade retornou.

Alan Daniels-Goya          

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